sexta-feira, abril 22, 2005

Estar Zen é uma chatice!

Depois das pazes feitas com as meninas do In-deed, passei dois dias de total ausência de ideias e capacidade de participação neste blog. Apenas um post sobre a morte do Edgar Correia, muito motivado pelo asco que sinto pela ditadura partidária do PCP. Ou seja, a necessidade de lançar farpas deu-me ânimo e vontade de escrever, de agir. Como me disse o caríssimo Mundus: "Eu só te vejo realmente com pica quando entras neste tipo de guerrilhas." Mas é mais por escrito, digo-vos eu. O debate oral é coisa que não me atrai. Pouco modestamente digo-vos que essencialmente por detalhes extra-retórica. Detesto discutir com pessoas que interrompem, detesto degladiar-me com alguém que usa estratagemas de domínio da discussão que se prendem com linguagem não-verbal, com domínio psicológico, pela entoação que dão ao discurso, e não tanto pela clareza e argumentação apresentadas. Odeio peixeiradas, repugnam-me pessoas que levantam constantemente a voz para dar mais força às suas palavras.

Mas esta acalmia com as meninas do In-deed é uma seca. Desmintam-se se me engano, mas a relação estava morníssima no início, aqueceu brutalmente com o despropósito dos meus ataques. Depois, a maldita educação judaico-cristã trouxe-me o arrependimento, o remorso deu no pedido de desculpas e este trouxe a acalmia. Baixou a tensão, a temperatura, esfriou a relação, e cá estamos nós, há dois dias sem contacto. Boring!!

Lá está, as relações perfeitas e imaculadas são as platónicas. Como apenas existem no sonho, nunca se estragam, nunca se desiludem, nunca se confrontam com os lados negativos do elementos. Prefere viver-se na fantasia, na vida sonhada do que na vida vivida. Tem-se medo de dar os passos que materializem o sonho. Tem-se medo que o sonho morra, seja substituido por uma realidade menos agradável. E prefere-se então permanecer no sonho, na solidão, no lado contemplativo da vida, mas triste.

Evoco assim um poema de Fernando Pessoa, evocação essa que dedico às meninas do In-deed. Pode ser que dentro desta tormentosa relação saia algo mais interessante que insultos e ataques (porém, a sugestão da fotografia está ainda de pé!)


Tenho tanto sentimento
Que é frequente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.

Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.

5 Comments:

At sexta abr. 22, 02:48:00 da tarde, Blogger Inês L. said...

Gostei do Post...pensa assim...ao estarmos em constante guerra nao iria surgir nada de novo para anunciar, ao fim de uns tempos iria estar bastante mauu...Assim em paz pode nascer um sentimento bonito entre todos nos..bem melhor do que aquele sentimento de raiva e vontade de espancamento....a Foto está em preparação e obrigado em nome de todas pelo post...em breve um em especial pa vcs..;) Beijo [Catarina B.]

 
At sexta abr. 22, 06:21:00 da tarde, Blogger Inês L. said...

Não fazes ideia o quanto me identifico com esse poema, LuaNova. [eu mesma]

 
At sexta abr. 22, 07:00:00 da tarde, Blogger Inês L. said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

 
At sexta abr. 22, 11:13:00 da tarde, Blogger Inês L. said...

Apaguei sem querer... ups! Dizia: às vezes.

 
At sábado abr. 23, 06:19:00 da tarde, Anonymous Anónimo said...

"...Qual porém é a verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar."

 

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