domingo, abril 17, 2005

O triângulo das Bermudas é no centro de Lisboa

Há cerca de dois meses inscrevi-me num famoso health club nas avenidas novas. Uma promoção do dia dos namorados permitiu-me não pagar jóia, desde que proposto pela cara metade. Apesar de eu ser muito homem, porque sou, porque eu não sei apreciar homens, mais ó caralho, que eu não admito cá insinuações, foda-se!, ai de quem!, é que não desejo a ninguém, lá aceitei o repto de um amigo meu. A abertura de pensamento e tolerância que nos trouxe o final do séc. XX permitiu-me ser proposto por alguém do mesmo sexo sem grandes vergonhas. Isto não interessa a ninguém, mas confesso que ainda temi que eles quisessem uma prova da nossa relação amorosa com um beijo público. Assim não foi, perceberam até que eramos apenas amigos (do peito, fiz questão de frisar, desde pequeninos), mas que a política do dito health club era de aumentar o número de sócio, fosse como fosse.

O que vos quero contar é o que tenho vivido desde então. Reencontrei nestes dois meses, entre aulas de yoga, técnica pilates, body balance, cardio fitness, musculação e step, inúmera pessoas que não via há anos, décadas mesmo! Ex-colegas de liceu, a miúda enfezada que marrava violentamente nos livros para ser a melhor aluna mas que tinha o permante ódio pela outra aluna que conseguia ser um bocadinho melhor, a Anabela que tinha o melhor par de mamas do liceu, mamas essas que viram passar entre si um pequeno pedaço de giz, não desperdiçando a oportunidade que o top provocante deu a uma aposta que fiz com o brasileiro, encontro colegas de trabalho, ex-colegas de trabalho, amigos de amigos, amigas de ex-namoradas. Um fartote.

Hoje, estava eu na bicicleta, olho para para a esquerda, claro, e lá estava o Francisco Louçã!!! Que raio, até simpatizo com o rapaz, mesmo, estive quase para votar nele, mas depois fui ver o Benfica, mas não esperava encontrá-lo num health club com público alvo de classe média-alta.
Ocorreu-me a seguir que talvez esteja a alargar, ou mesmo alterar, a faixa socio-económica. Se um chunga como eu pode ser sócio, talvez estejam a deslocar o alvo para a faixa média-baixa. Eu então estou eu a subir de status! :-)

Seja como for, o Francisco Louçã, a bombar a bom bombar no cardio-fitness era coisa que eu não esperava. Para dizer a verdade, já mo tinham dito, mas como ainda não tinha visto com os meus próprios olhos julguei tratar-se de mais um mito urbano. Fico com alguma vontade de, entre um banho turco e um jacuzzi, lhe perguntar como vai a luta pela igualdade das classes. Imagino-o a sorrir, e dizer, com os músculos massajados pelas bolhinhas: "Vai bem, obrigado!"

Depois de uma longa ausência quis relatar-vos este episódio. Mais um mês deste ginásio, verdadeiro triângulo das Bermudas lisboeta, e imagino-me a escrever os seguintes posts:

"Ganhei uma corrida de eliptica ao Francisco Louçã!"
"O Paulo Portas tem o rabo gordo e passa a vida no Legs, Bums e Tums"
"O Santana Lopes só vai ao ginásio para topar o cú às gajas!"
"Incrível, vi a pilinha do Marques Mendes!"
"Encontrei o D. Sebastião no banho turco!"

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