segunda-feira, abril 18, 2005

Mais vale só que...

Já alguma vez tiveram hóspedes em casa? Se sim, decerto que partilham comigo, algumas nuances das experiências que vou aflorar nesta prosa.
Sou um gajo solidário com os necessitados, sou sim senhor, e gosto de ajudar os amigos quando precisam de ajuda.
Contudo, partilhar o nosso lar com outrem, exige sempre, como é lógico, alguma adaptação de ambas as partes.
Da minha parte exigiu com certeza. De facto, e à luz dos eventos ocorridos no período de tempo que abriguei um estimado familiar no meu doce lar, até aprendi umas coisas.
Antes de mais, aprendi a gerir muito melhor o “budget” mensal. Os gastos adicionais na água, luz e gás foram de tal forma elevados, que tive de aprender uma hábil ginástica financeira, para equilibrar um pouco as contas, e não ter de ser obrigado a ir vender a revista “Cais” para o cais de sodré.
Aprendi a fazer o útil exercício da apneia, para não ter de respirar a fumarada nauseabunda que era emanada do cigarro que sempre adornava os lábios do novo conviva.
Qualquer dia entro para o Guinness book of Records, só me faltam 5 segundos para bater os 6m e 4s do record mundial.
Adaptei o meu “relógio biológico” a ter que se governar com 2 horitas de sono diário, porque o banzé que o estimado “guest” gerava quando chegava a casa (sempre depois da meia noite) e o posterior ressonar, era de tal ordem, que não me restava outra alternativa, que não fosse pôr a leitura em dia.
Sei dizer que li a obra integral de Fyodor Dostoyevsky em 8 dias (ou melhor, noites).
Foi de facto um período rico em cultura e saber, sem dúvida que foi.
Passei a conhecer os sinistros meandros do futebol profissional Português, porque não havia mais assunto de conversa às refeições.
É fascinante a quantidade de informação que aquela cuca armazenava, só de ler os jornais desportivos.
Fiquei com uma tonicidade muscular invejável, graças ao esforço adicional que fazia ao limpar toda a merda que aparecia por toda a santa casa, como que por geração espontânea.
A comida “eclipsava-se” do frigorífico em menos de um fósforo. O meu hóspede tinha um apetite de debulhadora! Está em fase de crescimento, o “pikeno”.
Tive por isso de experimentar uma saudável dieta que consistia numa fina folhita de mortadela envolta numa bucha do dia anterior, acompanhada por fim, por uma sumarenta peça de fruta.
Perdi 20 kg e recuperei a minha elegante e curvilínea silhueta, que mais posso eu querer?
Sinto-me exausto, porém satisfeito, porque além de ajudar um querido familiar, descobri em mim faculdades até então desconhecidas.
Isto sem falar do saber de experiência feito, que adquiri ao longo deste tempo.
Foram só vantagens, não achais?
Nem vos conto! Por exemplo, a partir do momento que as minhas colunas de som passaram a debitar mais de 2000W de “Trash Metal” durante mais de 4 horas por dia, descobri o poder relaxante que um soalho vibrante exerce nuns costados hirtos e cansados.

1 Comments:

At terça abr. 19, 12:33:00 da manhã, Blogger Inês L. said...

Olá! O acaso fez-me descobrir o vosso blog. Ri-me um bocado e decidi publicitá-lo no meu blog (www.in-deed.blogspot.com). Vocês têm piada! É pena é o Al_Fazema escrever mal...( atrás é com z??... as coisas que se aprende na blogosfera!) Bem, vão lá e mandem um mail para nós! Beijinhos!

 

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