Sweet dreams
Vou partilhar convosco um bizarro sonho que tive recentemente.
Estava eu numa tasca a comer umas iscas em vinha d’alho, quando senti uma forte comoção na rua.
Levantei-me, soltei um arroto (com molhinho), e dirigi-me para a porta com andar gingão.
Estavam uns jovens de direita-cristã a terem um ameno julgamento popular.
O apedrejamento estava marcado para mais tarde, mas a populaça já estava a amaciá-los com uma sessão de pontapeamento ligeiro.
Sendo contra a violência e com a diplomacia que me caracteriza, enquanto limpava cuidadosamente o pavilhão auricular esquerdo com a unha do dedo mindinho, disse a viva voz: “-Chega-lhe obra!”.
Ordeiramente, a multidão lá ia infligindo uns pezões valentes naqueles costados. Só foi pena alguns sapatitos (e alguns até eram de marca) terem ficado um pouco macerados.
Alguns populares, solidários com este nobre acto, até adiavam compromissos importantes para fazerem o gosto ao pé.
Fiquei fascinado ao ver os estranhos arabescos que o sangue formava no chão calcetado.
É bonito quando a justiça é cumprida e as pessoas têm a hipótese de se defenderem.
Tais manifestações populares têm um efeito 3 em 1. Além de ser fazer justiça, os “réus” aprendem umas coisas e os intervenientes fazem um saudável exercício aeróbico (excelente para queimar umas caloriazitas).
Havia algo de contagiante naquele dinamismo de grupo, e antes de acordar, fui compelido a libertar alguma energia naquelas cabeças.
Sonhos destes acirram o sentido de justiça dum gajo.
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