sexta-feira, outubro 14, 2005

Trintanos.

Nunca fui gajo que desse relevância aos aniversários e ás respectivas datas (para desespero da alguns familiares), mas este ano cheguei a uma idade que se reveste de um significado especial.
Cheguei aos 30. Esta bonita idade costuma suscitar as mais variadas inquietações nas cabeças de muita gente.
Confesso que apesar de não ligar a essas coisas, chegar aos trinta deixa-me algo perturbado.
Por exemplo, maturidade costuma ser um conceito que costuma estar associado a pessoas já nos trinta.
Por muito que me esforce, não encontro vestígios de tal coisa na minha pessoa, o que me deixa apreensivo.
Como é algo que não se adquire nas lojas, vou ter que esperar pacientemente que a vida se encarregue de me explicar o que isso é.
Até lá vou ter que continuar a ser esta eterna criança grande.
Não é que ser um puto num corpo de homem me incomode por aí além, até porque é muito mais divertido.
Esta é também a altura na vida de um gajo, em que há a necessidade premente de se fazerem balanços de vida e essas tretas todas.
Sabem como é, há todo um “bundle” de questões que assolam as mentes mais inquietas nessas circunstâncias.
Consegui concretizar algum objectivo pessoal de grande monta (como casar e ter filhos, ter uma casa de campo, praticar o coito com uma malabarista sueca)?
Tenho a carreira profissional que sempre desejei?
Tenho carreira profissional?
Tenho uma vida afectiva estável e sólida?
Tenho vida afectiva?
Como sou como pessoa? Uma jóia? Um crápula? Um santo? Um labrego do pior?
Dou a devida atenção a quem merece?
Estou em boa condição física? Terei condições para me qualificar para as próximas olimpíadas?
Tenho condições para realizar os meus planos para o futuro?
Sou feliz? Senão, onde é que compro o manual de instruções para o ser?
É que o vizinho do 2º Dir. anda sempre com ar tão satisfeito…
Gostava de saber o que ele tem a mais do que eu!
Pessoalmente, não quero perder nem um segundo com estas questões, porque se o fizer, temo que corro o sério risco de ficar deprimido, e para depressões já basta olhar para o meu saldo bancário.
No entanto, estou consciente que a minha vida podia ter levado outro rumo, se tivesse escolhido o caminho mais difícil nas encruzilhadas da vida.
Mas para isso, é preciso ter “tomatinhos” e capacidade de sacrifício.
Nem sempre foi o caso, na maioria das vezes, aliás.
Assim sendo, apesar de tudo, até nem me posso queixar.
Outras questões incontornáveis na lista de inquietações dos trintões, encontram-se também coisas engraçadas como a crença no “destino” ou na existência de vida depois da morte.
Isto porque todo este tipo de dúvidas fodidas costumam vir em catadupa em quem faz este tipo de análise à vida.
Haver vida depois da morte até parece uma ideia com piada, pelo menos ainda podemos andar a foder a cabeça uns aos outros por mais algum tempo.
Mas deixarmos aqui na terra, a nossa “carcaça” a que chamamos corpo, não augura nada de bom para uma saudável vida sexual numa outra dimensão.
Não me parece que os espíritos tenham muita capacidade para copular como deve ser.
Afinal, meter o quê, e onde?
Parece que a adaptação a esta nova realidade vai requerer muito esforço e dedicação da minha parte, mas vendo isto pelo lado positivo, pelo menos não vou ter problemas de impotência ou ejaculação precoce.
Certamente vai ser difícil romper com certos hábitos terrenos. Por exemplo, teremos hipótese de ver os jogos do glorioso num qualquer canal celestial?
Quanto ao destino, prefiro não acreditar que temos um caminho predefinido na jornada na vida, que não temos poder de escolha. Há um nisto um grau de inevitabilidade que não me agrada.
Por essas e por outras, e perdoem-me o pessimismo, costumo dizer que isto de estar vivo, um dia ainda acaba mal.

2 Comments:

At sábado out. 15, 12:22:00 da manhã, Blogger LuaNova said...

Acaba mal? Tem calma, tudo se há de resolver!

 
At segunda out. 17, 04:45:00 da tarde, Blogger Samantha said...

Cabecinha pensadora... afinal sempre perdes algum tempo a pensar nestes assuntos...
chega a ser impressionante porque poucos homens seriam capazes de abordar tais questões com tamanha profundidade e sinceridade
deve ser sinal de maturidade... ;)

 

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