Trip to remeber.
Hoje apeteceu-me armar-me em maluco e resolvi ir de autocarro para o trabalho.
Pensei eu, ou vou de autocarro ou a pé. Como não queria ir sozinho, resolvi abdicar de um agradável passeio de 3h e 45minutos e partilhar a minha existência com mais 64 pessoas.
Escolhi o transporte público porque curto o contacto com as pessoas e aquelas molhadas de gente todas bem compactadas naquele espaço exíguo é um método excelente de começar bem o dia. Não sei explicar, é o “cunbibio”, o calor humano, os cheiros, sei lá…
Mas hoje não sei porquê, fiquei ligeiramente descolhoado. Digamos que durante os 20 minutos que demorou a viagem de autocarro, fiquei a conhecer em detalhe, todo o historial clínico da senhora que se sentou atrás de mim e do respectivo marido.
Desde as repetidas operações às varizes, às hérnias nas pernas do marido, tudo foi esmiuçado com detalhe queiroziano.
As idas ao “neutricionista”, a dieta à base de“selada”, os tubos metidos nas virilhas pelas veias“prencipais” e as dores lancinantes causadas pelos consecutivos rebentamentos de suturas, todos estes pormenores foram relatados com verve.
Não poderia ser uma vulgar seborreia, uma verruga ou vá lá, uma unha encravada ou joanetes?Fez-me lembrar as minhas visitas ocasionais ao centro de saúde.
Por estranho que pareça, a sala de espera exerce sempre sobre mim um estranho poder curativo.
Aquilo é que são os verdadeiros profissionais da doença!
Aquela malta faz vida daquilo, ou melhor, a própria vida é a doença.
Sinto-me um mancebo, um caloiro ao pé daqueles veteranos da maleita e da doença crónica.
A minha vulgar influenza não é nada comparado com os diabetes, a hipertensão, as varizes, o Alzheimer, a artrite, a bronquite, a angina, as hérnias, os tumores, a osteoporose, os “câncaros”, a tuberculose, a demência, os problemas circulatórios, as doenças cardiovasculares e tudo aquilo que faz as delicias dos utentes mais idosos.
Quando finalmente chego ao consultório médico, sinto-me a pessoa mais saudável do mundo.
- Deixe estar, não tenho nada. A sério sôr dôtor!Esqueça lá isso.
Vamos lá a combater a solidão, ocupar o tempo com coisas positivas e deixem de viver para a doença, pá!
As juntas de freguesia deviam criar espaços lúdicos e promover actividades de grupo para idosos, tais como o visionamento de filmes pornográficos ou prática desexo tântrico, por exemplo.
Era de valor! Ao menos assim gozavam melhor a vida e ao mesmo tempo, faziam exercício físico.
Só qualidade de vida, meus amigos!
5 Comments:
Tema interessante. Mas voltando ao autocarro, mais do que os relatos de doenças, o que mais me incomoda é o pessoal que não aprendeu em menino as regras básicas de higiene corporal e tresanda do sovacame. Gajos ainda acho normal. Feios, porcos e maus. Mas tenho apanhado ultimamente com cada gaja que nem te digo! Um fedor a sair daquelas axilas, meu... Horrível. E quando são de esquerda? Cheias de pelos, um nojo. É que se cheiram assim nos braços, como será em partes mais íntimas? Ora aqui está um tema que devíamos abordar neste nosso blog.
lolol de autocarro??!! Sempre te imaginei num carro turbo todo quitado e do xuning assim cheio de escapes de competição ou de rendimento, jantes especiais e o must da luz negra na parte de baixo, claro e não esquecendo o belo do autocolante tamanho xl da alpine no vidro traseiro.
Então e o cãozinho com a cabeça para cima e para baixo no banco de trás do carro e a suspensão rebaixada?
Ok. Não tenho carro. Sou como o David Carradine da saudosa série "Kung-Fu", ando a "butes" pelos caminhos desta vida.
Quando penso no Sôr Mário, vêem-me à cabeça bizarras imagens de dentinhos espalhados pela calçada. Esquisito!
Quando penso em esquisito vê-me logo à memória pestilento cheiro a equimoze seborreica.
Enviar um comentário
<< Home