Ai; Ricucu. Ricucu.
Sentado, recolhido lentamente em mim mesmo, soturno, como um rio triste, vejo-te passar, veloz, qual pássaro. Liberdade aparente; voas presa, dividida entre tantos, partilhada por todos, as linhas curvas, atrevidas, do teu corpo, fazem-me perder a noção do mundo, grotesto, feio, cruel. Passas por mim, uma e outra vez, bamboleante, insinuante, de olhar provocador e simultaneamente frio, fazes-me sentir ser não mais que um, apenas, só, entre tantos, que te me roubam com o dedo. Infiel, passas por mim, sem olhar, e não resisto; aceno-te todo eu, num movimento descoordenado, pateticamente exagerado, só para que olhes para mim. Para Mim, Eu. Ganho coragem e digo: estou aqui há cinco minutos, longos, dolorosos, a chamar; pode trazer-me, por favor, o ketchup, e a mayonese?
[inserido no ciclo de poemas inspirados e dedicados àquela cujo nome não podemos pronunciar]
3 Comments:
Que engraçado... Já tinha visto aspirantes a pianistas sacarem solos e aspirantes a pintores fazerem réplicas de outros quadros. Mas aspirantes a escritores copiarem a linguagem de outros, isso nunca... Procuras a tua identidade, LuaNova? Vai aos perdidos e achados.
Não sou aspirante a escritor. E a cópia não é da linguagem, é da presunção.
E a presunção dos outros posts, a quem a foste copiar?
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