sexta-feira, fevereiro 10, 2006

Ai; Ricucu. Ricucu.

Sentado, recolhido lentamente em mim mesmo, soturno, como um rio triste, vejo-te passar, veloz, qual pássaro. Liberdade aparente; voas presa, dividida entre tantos, partilhada por todos, as linhas curvas, atrevidas, do teu corpo, fazem-me perder a noção do mundo, grotesto, feio, cruel. Passas por mim, uma e outra vez, bamboleante, insinuante, de olhar provocador e simultaneamente frio, fazes-me sentir ser não mais que um, apenas, só, entre tantos, que te me roubam com o dedo. Infiel, passas por mim, sem olhar, e não resisto; aceno-te todo eu, num movimento descoordenado, pateticamente exagerado, só para que olhes para mim. Para Mim, Eu. Ganho coragem e digo: estou aqui há cinco minutos, longos, dolorosos, a chamar; pode trazer-me, por favor, o ketchup, e a mayonese?




[inserido no ciclo de poemas inspirados e dedicados àquela cujo nome não podemos pronunciar]

3 Comments:

At sábado fev. 11, 02:46:00 da tarde, Blogger Margarida C. said...

Que engraçado... Já tinha visto aspirantes a pianistas sacarem solos e aspirantes a pintores fazerem réplicas de outros quadros. Mas aspirantes a escritores copiarem a linguagem de outros, isso nunca... Procuras a tua identidade, LuaNova? Vai aos perdidos e achados.

 
At sábado fev. 11, 05:11:00 da tarde, Blogger LuaNova said...

Não sou aspirante a escritor. E a cópia não é da linguagem, é da presunção.

 
At sábado fev. 11, 08:38:00 da tarde, Blogger Margarida C. said...

E a presunção dos outros posts, a quem a foste copiar?

 

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